terça-feira, 30 de agosto de 2011

Paixão não mata. Faz viver!

Há muitos que desistem da paixão por medo de sofrer. Mas a própria palavra paixão deriva do grego pathos, que comumente é traduzida por “sofrer”, “padecer”. Quem se apaixona, indiscutivelmente sofre, padece! Durante séculos, filósofos de todas as épocas defenderam a supremacia e o domínio da razão sobre nossas paixões como caminho para a felicidade, para a ataraxia como queriam os estóicos, o nada querer, o nada desejar, a alma livre de perturbações. Até mesmo Epicuro, o pai da filosofia do prazer, nega a elevação da alma e a conquista da felicidade pela via única dos prazeres do corpo. A paixão passou a ser sinal de desiquilíbrio, de excesso e loucura, uma espécie de desrazão. Que preço é necessário pagar para anularmos nossas paixões? Certamente nos tornamos mais ponderados, nossas escolhas tornam-se fruto de deliberações emanadas de um longo pensar e refletir, de um demorado cálculo das consequências nefastas ou benévolas do pathos. Esquecemos-nos somente que não há cálculo, fórmula que possa aprisionar o viver a paixão. Paixão não é teoria, muito menos relações estáveis de causa e efeito. Paixão é efeito sem causa! Ninguém morre de paixão, morremos por viver sem paixão, por não acreditarmos que ela seja mais possível. Pelo menos uma vez mais!

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