Casa grande é espaço demais pra quem é pobre!
Apenas um quarto. Ideal quando são quatro. Esquentamos uns
aos outros. Cobertor era pouco!Dia de chuva era uma alegria só. Deitar na rua, procurando cachoeiras em sobrados.
Mas cachoeira mesmo era da casa dos quatro. Nem em supermercado se via tanto balde e tanta panela.
E a disputa pra encher a canequinha com as gotas que caiam do teto? Parecia final de copa. E o prêmio? Beber água de chuva.
Ninguém passava fome, como repete até hoje a mãe. Passávamos vontade. E vontade de tudo!
Pedido do mês era pedido do dia. O pai ficava bravo, mas não batia. Sabia que fome dói mais que cinta.
O pai trabalhava muito e quando chegava em casa, o resto de
seu suor os quatro comiam: pipoca! Doce ou salgada, tanto faz. Pipoca também
mata fome!
E limoeiro também! "Sal e limão afinam o sangue
gurizada" dizia a mãe."Dá nada mãe!" A careta compensava.
Roupa nova era luxo. A mãe, costureira de boa mão, dava jeito pra tudo. E cueca sem elástico não se joga, amarra a ponta. Desde pequeno já sabia customizar!
Corpos eram quatro! E toalha era só uma. Azar do último! Desde se cedo se aprende as regras do jogo da vida. Até irmão fica pra trás.
E carne era só no domingo. Moída. E de segunda! Pra nós era banquete. Com macarrão então, a gente era rico.
E pra beber? Garapa! De cana? Não. Água com açúcar. Dizia a mãe que curava tudo. Até fome!
Hoje não tenho mais fome.
Só saudade. De ser feliz.
Chorei...minha memória está repleta de felicidade...Éramos 4 filhos de seu Zé ( O pipoqueiro) e da lavadeira D. Darça, Narça, Narciza, Darci..ninguém a chamava pelo nome.. só os 4 mãeeeeeeeeee....kkkkkkk bjus e tinha o frango assado da vó Ludi no domingo depois da missa...quando ela levava...
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