quarta-feira, 20 de julho de 2011

Expressões que só Itapeva tem! - Parte 4

Vamos a mais uma bateria de nossas expressões mais que populares. Salientamos mais uma vez a impossibilidade de seguirmos a Norma Culta da nossa língua nos casos abaixo. A frase se tornaria um enigma e perderíamos nossa originalidade. Independência ao dialeto itapevês!

Como dizem os linguístas contemporâneos, na línguagem não há avanços nem retrocessos, apenas modificações!

1 – Manhê...compra um ENCAPOTADO pra mim? (Alguém sabe quem inventou essa palavra? Sensacional!).
2 - Esse menino só REINA o dia inteiro. Pára de ficá REINANO guri!
3 – Essa meu pai soltou hoje cedo:
Fio, vo mudá essa planta daqui pra tomá um sol. Ela tá muito DESENCHAVIDA!
4 – Vamo lá comigo?
  - Num vo não. Vo ficá ESPERANINHO aqui memo!
5 – Ahh....DEUSOLIVRE!. Você fica APARPANO por demais seu fio!
6 – Eu vou matá esse lavorento! Ele não para de fica APINCHANO as coisas no quintar da gente!
7 – Fio....pega a lanterna lá e ALUMEIA aqui pra mim!
8 – Fia...sê vai saí assim é? Tá parecendo uma MARMOTA!
9 - Oi pai, bença! Tudo bem?
- Num tô muito QUINHENTOS hoje não. Amanheci com uma dor nas ESCADERA!
10 – Oi lá...mais é um NHENGO memo!



terça-feira, 19 de julho de 2011

ENGANADO POR DESCARTES!

Há muitos que afirmam ser impossível fazer filosofia de boteco. De fato, é preciso lucidez e sobriedade para discutir questões filosóficas. A desrazão e a desmedida não podem sentar-se à mesa do Banquete filosófico. No boteco do meu blog, ao contrário, elas podem!

Era uma noite tranquila, bastante fria e eis que vejo entrar um gentil-homem, usava um capote preto com uma bela gola branca. Pelo gesto e pela fala, me pareceu um legítimo francês. Sentou-se muito tranquilamente e, degustando demoradamente um Chateau Fombrauge Saint Emilion Grand Cru 2005, parecia meditar. Resolvi então puxar conversa.

- Boa noite Senhor? Vejo que está sozinho?
- Pois é, acabei de chegar de uma longa viagem e não conheço esse lugar.
- É, Itapeva não faz parte dos grandes centros, mas um dia será. Está gostando, senhor....?
- Descartes, René Descartes.
(Fiquei pasmo na hora. Não poderia ser! Descartes morreu em 1650. Será que estou vendo espíritos? Para não o assustar, tentei manter a tranquilidade).
- E o senhor está gostando daqui?
- O clima não me é estranho. Afinal, fiquei tempo vivendo sozinho em uma cabana na Holanda. E quase morri de tanto frio.
(Pensei: na verdade lá contraiu uma pneumonia que o matou!).
- E as pessoas? Conversou com algumas?
- Meu caro, “bem viveu, quem bem se ocultou”. Entendeu?
- Perfeitamente, senhor Descartes. E é melhor assim, somos muito provincianos ainda!
- Você aceita um Chateau Fombrauge?
(Nessa hora gelei. Pensei: esse vinho deve ser uma fortuna. Se eu beber, vou ter que rachar a conta e meu cartão já passou do limite comigo).
- Na verdade, eu gosto mesmo é de cerveja. Vinho está para além das razões de meu bolso.
(Descartes riu educadamente)
- Não se deixe enganar pelo que vê meu rapaz. Os sentidos sempre nos enganam. Você costuma confiar neles?


- Sempre sou traído por eles. Às vezes confio mais em minha intuição. E nesse momento, minha intuição me diz que é melhor ficar na minha cervejinha.
- Deixa de bobagem! (Garçom, uma taça para o rapaz aqui!). No final, veremos quem está com a razão!
- O senhor sempre preocupado com a razão! (Pensei: ainda bem que ele não leu Nietzsche!)
- Alguém escreveu um livro em que me perguntava: por que sempre a verdade senhor Descartes? - Você o conhece?
- Por que não o erro?
- Ele finalizava com essa frase! É Nithe, não é?
- Não! É Nietzsche.
- Ahh..alemão! Nomes estranhos. Prefiro os latinos!
(Rindo, pensei: até Descartes gosta do Latino? Estamos perdidos então!).
- Qual o motivo do riso? Você já leu os latinos?
- Se o senhor soubesse quem é Latino hoje?
- O senhor disse que essa cidade é um pouco provinciana? Como assim?
- Aqui é preciso ter uma “moral provisória”! O senhor adotou uma, não se lembra?
- Verdade! Enquanto não encontramos uma verdade inquestionável, indubitável, a moral não se sustenta. Mas também não podemos fazer tudo o que queremos, correríamos riscos demais!

- Eu sei. Corro riscos o tempo todo. Sempre traio minha moral provisória!
(Ele riu e disse que precisava ir).
- Au revoir meu amigo. Se um dia o senhor Nietzsche estiver por aqui, me convide! Gostaria muito de conhecê-lo.
- Claro senhor Descartes. Terei o prazer de me sentar ao lado de dois gênios da Filosofia. (Pensei: outra enrascada!).
Após a despedida, me dei conta de que o gentil-homem foi embora e não pagou a conta. Pensei: os sentidos nos enganam, esse vinho nem deve ser tão caro! Descartes não seria tão deselegante! Será que ele era rico, não me lembro!).
- Garçom? A Conta!
- Santa Cruz Bendita!! Dois pau e meio! Filho da mãe! Os sentidos até podem nos enganar, meu bolso nunca!
- Algum problema senhor?
- Será que tenho direito a um telefonema? Preciso falar com meu advogado!

RECADO AOS ACADÊMICOS E LETRADOS EM FILOSOFIA

Meu blog não tem o propósito de instruir filosoficamente ninguém. Não é um manual de autoajuda. Não se propõe a discutir questões abstratas, conceituais ou metafísicas, bem como não se propõe a fazer filosofia pura (se é que ela algum dia existiu onde humanos se imaginam dotados de razão).  Meu blog é uma grande viagem sobre mim mesmo. É uma viagem na qual se ri de si mesmo e das mazelas humanas. Portanto, para quem é sério demais, não perca seu tempo. Aprendi com Montaigne, escrevo sobre mim mesmo, por isso, não sou merecedor de seu crédito, muito menos de seu precioso tempo. Há livros muito mais instrutivos e melhores do que minha vida! Como toda viagem é um convite, o convite está feito!
Somos livres para embarcar ou não. A liberdade será sempre nosso “feitor”, será sempre nosso maior castigo!
Obrigado e bom eterno retorno!
“Temos a arte para não morrer da verdade.” F. Nietzsche (O andarilho e sua sombra).

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Expressões que só Itapeva tem - Parte 3

Vamos lá....aos poucos vão surgindo algumas do arco da véia. Se você conhece alguma que ainda não foi publicada pode enviar por email: juliologos74@hotmail.com.
Lembrando mais uma vez aos desavidados que não é possível nos adequarmos à Norma Culta da Língua Portuguesa, pois o itapevês é um dialeto independente, único. O resto é imitação!

1 – Se viu minha SETRA? Novinha cara! Vamo caçá?
2 – Para de fica ATRÁIS MEU guri!
3- O gurizada ARNICA viu!
4 – Para de fica falando MAR MEU!!
5 – Oi lá aquele gurizinho? JUDIAÇÃO viu!
6 – Esse guri parece um CURIANGO mesmo!
7 – Vô, o vô? Compra um suspiro pra mim? – Ohh fia...o vô tá sem NICRE hoje!
8 – Cumé que VEVE uma pessoa dessa, não?
- Ah..num VEVE, num VEVE!
9 – Mais é um BOCO DE MOLA memo!

10 – Manhê...deixa eu POSÁ na casa da Dona Fernanda? – Hoje não filho. De jeito nenhum guri!
 (O lavorento do irmão fazendo aquele gesto com as mãos, grita: - FIÉÉÉÉPE!!!).

 

O QUE É QUÍMICA?

- Professor, o senhor entende de Química?
- Bem pouco.
- Mas, me responde: pro senhor, o que é a Química?
- São quinquilhões de bolinhas bem pequenininhas, invisíveis, que estão por toda parte, no Universo todo.
- E o que faz um químico?
- Juntando as bolinhas pra tentar produzir uma bomba capaz de destruir o planeta.
- Professor, eu vou contar pro meu professor de Química, tá?
Resultado: Huummm..minha água está com um gosto estranho! Ué..esqueceram um vidro de cianureto aqui rapaz! Nossa, alguém apagou a luz? Não estou sentindo minhas pernas!!