Boa noite a cada pessoa aqui presente nesse dia tão especial.
Uma formatura é um momento único, genuíno, e a de 2020 é praticamente uma
Monalisa, jamais existirá outra igual, apenas releituras, como as que a
professora Marcela trabalha com tanta dedicação e criatividade. Da Vinci te
perdoa, tá Má! Nenhuma geração jamais imaginou, nem mesmo em seus devaneios distópicos
mais distantes o que estamos vivendo hoje. Geração Z já é história! Ok, boomers?
E por falar em gerações, como não lembrar delas no dia de
hoje? É muito provável que temos as gerações mais conhecidas aqui representadas
hoje: BB, X, Y, Z e Alfa (provavelmente jogando algo no celular e falando
“sozinhos” nesse exato momento). Vejam que momento único: estudamos, discutimos
e dialogamos tanto no EIXO sobre os conflitos e as dificuldades de se conviver
geracionalmente tendo vivido em tempos e mundos tão diferentes e agora estamos
aqui, no mesmo espaço, pela mesma razão. Por falar nisso, vamos a um aulão
revisional então? Eixo não teve prova mesmo! Pode ser 9ºA e B?
Quem é da Geração Baby Boomer aqui presente presenciou um dos
momentos históricos mais tenebrosos da humanidade: foi testemunha ocular (ou talvez
depois de seu fim) dos campos de concentração e do horror nazista, viu
erigirem-se regimes totalitários em diferentes partes do globo, que já sabiam
ser esférico. Pelo menos a escola já os ensinava e as viagens espaciais vieram
ratificar o que já afirmava Ptolomeu no séc. I da era cristã. Pois é professora Márcia e professor Anderson,
os matemáticos sempre souberam antes de todos, que inveja, que ódio. Se Darwin tivesse
antevisto o terraplanismo, talvez excluísse os humanos da escala evolutiva, né
não Mayara? Mas a geração Baby Boomer não foi testemunha só do horror que a
professora Tânia ensina com tanta dedicação para que as futuras gerações não
repitam tamanha barbárie (calma Tânia, aquela perguntinha se é de esquerda ou
direita, também me fazem! Tmj). Os BB
também viram florescer o sonho de um mundo melhor, de uma grande revolução, viu
estudantes e professores universitários tomarem as ruas de Paris no maio de 68
gritando por liberdade. Viu Luther King fazer o discurso mais profundo que já
vi e ouvi professora Elaine, mas com legenda tá? Quem sabe um trabalho
interdisciplinar com essa galera no médio me ajude a dispensá-las. “Y have a
dream”. “Eu tenho um sonho”, repetia inúmeras vezes e cada uma delas irrepetível!
Geração BB também viu surgir a força da mulher negra, Angela Davis, até hoje
exemplo de resistência e luta contra o racismo. Viu o Woodstock, e Joe Cocker,
a virtuose de Jimi Hendrix, a potência de Janis Joplin. Eram jovens quando
viram lançar o russo Sputnik em 1957, o primeiro satélite em órbita. Eu sei, os
americanos não aceitam até hoje. A celeuma será eterna, a Guerra Fria parece
nunca ter fim professora Jesi, a geopolítica não dá trégua, não é? E agora tem
a vacina com selo de aduana. E viram ainda as comidas se enlatarem professora
Arline. Adeus fogão de lenha. Dá-lhe química e conservante! Uma lata de massa
tomate e um saco de carvão vegetal vale bem um projeto mega disciplinar, né não
professora?
Teria muito a dizer sobre os BBs, mas deixo para que vocês os
ouçam. E ouçam mesmo, valerá muito a pena!
Agora é a vez da minha geração e, talvez, de alguns de seus
pais ou familiares aqui presentes, a geração X. Essa viu o cinema invadir as
cidades. O de Itapeva era na Rua Dr. Pinheiro, lembram? Se os BB viram nascer a
TV e o cinema preto e branco, a X viu o mundo ficar colorido, caber dentro de
uma fita K7 (rebobinadas a Bic), de VHSs que pagávamos multa ao não rebobinar
para devolver na locadora. Locadora? Desconfio que muitos de vocês nem saibam o
que é isso. Se tiver alguém da Alfa, tenho certeza que não. Montanhas de fitas
para quem comprava o primeiro Videocassete. Eita, aquilo era sinal de riqueza!
Telefone fixo era sinal de muita riqueza! Nem dava tempo de ver tudo, tamanha a
euforia. Vimos Rambo, Robocop, Lagoa Azul (um escândalo na época, diga-se de
passagem), vimos sem entender nada o Exterminador do Futuro. Mal sabíamos que
alguns deles já estavam tão próximos! Com Chuck Noris, acreditamos piamente que
o mal estava do lado de lá do Oceano. E tínhamos uma catarse quando ele explodia
o eixo do mal a bordo de uma moto que soltava mísseis. Sim, os americanos
sempre foram uma espécie de Mister M da telona. E numa ameaça alienígena então?
Quem nos salvará? Chapolin. Nãããooo! Esse é Mexicano, bota pro lado de lá do
muro. Quem nos salvará é Brad Pitt, é Tom Cruise, são as Panteras. Se é pra
alguém nos salvar, tem que ser dentro dos padrões hollywoodianos, né minha
filha? Minha geração viu a indústria cultural chegar forte como nenhuma outra,
desenhos animados invadiram nossas manhãs, junto com toda sua publicidade. A
arte virou diversão professora Marcela, e grana! Muita grana! Viu Michel
Jackson fazer o primeiro clipe com roteiro, direção e créditos no final. Viu
Madona escandalizar o papa! Viu o Muro de Berlim vir abaixo a marretada e o
povo a cantar: não há mais esquerda e direita, acabou! Somos uma coisa só e
globalizada Jesi. Chique não? Agora as olimpíadas não terão mais aquela disputa
de bloco professor Fabrício. Afinal, o que músculos, velocidade, destreza
física, inteligência motora tem a ver com política? Nada, não é professor? E
vimos os Menudos, Backstreet Boys, Xuxa e as paquitas (sim, um dia eu fui
apaixonado pela Xuxa, acreditem! Só a filosofia me libertou! Ufa!). Vimos Cindy
Lauper lacrar e causar com sua voz e cabelos coloridos. E vimos um Papa extremamente
carismático, conservador nos costumes, sofrer atentado e perdoar o
atirador. E vimos o celular tijolão ser
ostentado como novo videocassete. Seu pai tem um? Noooossa! E fico por aqui
porque minha geração viu o mundo se abrir e fechar e ainda estamos confusos e
perdidos em meio a sonhos e pesadelos, alegrias e preconceitos que urgem serem
desconstruídos, assim como nossa relação com a natureza.
E a geração Y? Já
nasceu com computadores mais potentes (um quadrado branco e um teclado gigante,
bem sei) e com internet (discada, eu também sei disso! Sou uma espécie de
narrador onisciente) Rede social era o Orkut e suas comunidades pra lá de
estranhas e engraçadas, “Eu não sei escrever Nietzsche”, “Eu assistia Tele
Tubes”. Cresceram em um mundo “mais estável”, mas também muito mais
imediatista, mais pragmático, mais egoísta. Mas foram também a primeira geração
e se preocupar e se envolver de forma mais intensa com o meio ambiente e fortes
valores morais. Minha geração matava passarinho ou os engaiolava. Os Y abriram
as grades. Minha geração tinha o sonho de conquistar um emprego estável
(trabalhar em um banco, na Maringá, passar em concurso) para ali permanecer até
aposentar (palavra estranha hoje, não é mesmo?). Os Y preferem fazer o que gostam,
o que dá prazer muito mais do que “o quanto ganharei e em quanto tempo”. A revolução feminina chegou aqui pra ficar,
bem como projetos coletivos que deem mais sentido ao existir como humanos que
vivem em aldeia urbana. E também a inclusão, que não dará um passo atrás depois
dessa geração, não é professora Rosilda?
E os Ys gestaram os “Zs” que hoje se formam. E eu não direi
quase nada sobre vocês. Ainda me sinto meio estranho no ninho. Vocês me
assustam, me fazem rir, me fazem chorar (o dia da escolha como paraninfo que o
diga, não é 9ºB? Mas vocês me pagam ainda!). Quando numa aula sobre distopia,
ouço uma aluna dizer que já tinha lido “Admirável mundo novo” de Aldoux Huxley
e outra, partes de “1984”, eu gelei! Eu fui ler Huxley na faculdade! George
Orwel nas férias do ano passado! Eu fico imaginando o que a Professora Mariane
vai trabalhar em literatura com essa galera? Alguma distopia galáctica? Heim
Mariane? As professoras Silvana e Gisele têm os muitos dedos aí, tenho certeza!
Valdir, tá preparado pra um projeto inter, multi e transdisciplinar? Vamos ter
que botar um foguete em órbita meu filho! Anderson e Beatriz: preparem robôs para
invadir Marte!
Uma geração que tem na capa de abertura Malala e Greta
Thunberg!
Olha o tamanho da bronca! Olha o tamanho da esperança!
Imensa gratidão e sejam bem vindos e bem vindas ao médio!
E que a Fer, a Isa e a Vã, toda equipe SESI 399, a Caverna
dos dragões sem o mestre dos magos, os seres de luz e sabedoria de todo o
cosmos estejam do nosso lado mais uma vez! Vamos precisar, viu? Como nunca!
Gratidão eterna e um beijo no coração de cada formando e
formanda!
E a geração Alfa professor? Esqueceu? Não, mas agora devem
estar jogando Minecraft ou criando algum canal no Youtube. Depois vocês mandam
aquele grande abraço!