O amor e a natureza uniram Pâmela e Lucas (nos ritos tradicionais o nome do homem vem sempre primeiro, mas estamos reunidos aqui para fazer a diferença, não é?)
Então: Pâmela e Lucas: eu não sei exatamente como foi a
primeira vez que se viram. Na minha imaginação, foi fazendo rapel. Vocês
estavam descendo, um lado do outro, olhares trocados e o Lucas me sai com seu
famoso: muito da hora, heim mina? Pronto, o amor está no ar, literalmente.
Por falar em amor, é sobre ele que iremos falar.
Freud afirmava que duas grandes pulsões movem nossa existência e nos tornam o que somos: a pulsão de vida e a pulsão de morte. O amor e o ódio. Eros e Tânatos. É da composição dessas duas forças que somos feitos, forjados, constituídos. E só aqui já é possível entender que nossa existência individual já é ela mesma uma mescla dessas duas forças. Quando nos unimos a alguém, como fazem hoje (eu sei que já estão juntos faz tempo, é só pra melhorar o impacto da frase), todas essas forças irão se potencializar. A pulsão de vida, o amor precisa dominar as forças da morte e do ódio. Elas não são exterminadas, elas permanecerão ali, todos os dias, não porque sejam forças externas e ocultas, mas porque estão dentro de nós. E vocês tem em comum uma poderosa arma para dominar tais forças: o amor pela mãe natureza.
A transformação possível, eu digo possível, porque muitos traços de nossa personalidade, nossas pequenas mazelas, manias e ansiedades nos acompanharão a vida toda. Portanto, a transformação do que estará ao alcance de cada um e em conjunto realizar, será operada pela maior medicina que os humanos tem à sua disposição: bicho, mato, cachoeira, rios, montanhas, grutas, cavernas, escuridão, estrelas, raios e trovões, nuvens e céu, o breu, a noite, o por do sol.
Não há só negacionistas
da ciência, há muitos de nós (e me incluo entre eles) que negam o remédio mais eficaz,
a terapia mais eficiente. Espero que aprendamos nesse dia com você Pâmela e
Lucas. Que a humanidade aprenda que o amor da mãe natureza é insubstituível e imprescindível.
A mãe é o nosso primeiro objeto do amor já dizia Freud. E a ausência desse amor
é devastador, é destruidor. Quando a humanidade resolveu começar a lutar
destruir sua mãe a alguns séculos atrás, mal sabiam que a ausência dela poderá significar
o nosso fim, mas não o dela. A mãe parirá outros filhos, como sempre fez.
Talvez dessa vez sem os homens inteligentes. Ao olhar para a união de vocês e a
forma como assumiram viver ilumine o olhar de todos os humanos e que nos
reconciliemos com nossa mãe agora, já, hoje. Não pode ser amanhã.
Os gregos foram muito sábios quando inventaram vários nomes
para o amor: Eros (o amor da paixão), Phlia (o amor da amizade), Ludus (a amor
pelo jogo, pela brincadeira), Ágape (o amor empático e universal), Pragma (o amor
comprometido e companheiro), Philautia (o amor próprio). São muitas as formas
de amar e os gregos sabiam disso. Nietzsche também forjou um tipo de amor pra
chamar de seu: amor fati, amor ao agora, ao aqui. Também nós vamos ousar no dia
hoje e inventar um novo tipo de amor: amor natura. O mais importante de todos hoje em
dia, porque sem ele, sem o amor à natureza, nenhum outro será possível e as forças da morte e do ódio triunfarão. Mas como diz Gandhi, o mal pode durar muito tempo, mas o bem irá vencer. E não há mais tempo. A hora do amor natura é agora!
Que o bom Deus e todas as forças mais profundas da natureza
abençoem infinitamente a vida vocês!
Muito obrigado por nos proporcionarem esse encontro com
vocês e esse reencontro com nossa mãe!
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