quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sociedade na UTI = Escola doente

O episódio do menino de 10 anos que atirou na professora e matou-se logo em seguida causou perplexidade e uma espécie de comoção nacional. Pedagogos, psicólogos, psicanalistas e sociólogos se revezarão para apresentar à sociedade uma explicação lógica e científica para o fato. Certamente agora estão a olhar seus e-mails e celulares à espreita do próximo convite de uma emissora de televisão, rádio ou um jornal qualquer. Semanas seguidas ouviremos em todos os noticiários “especialistas” cantarem suas melodias e sonetos sobre as causas da violência nas escolas tendo ao fundo uma música fúnebre para dar vazão ao nosso prazer mórbido.
Teses e mais teses sobre a violência nas escolas saem das bancas dos cursos de pós-graduação e encontram uma editora qualquer para transformá-la em produto de consumo de pessoas e instituições públicas. A violência tornou-se mercadoria. Violência vende!
(Venderei então minha ideia, e não cobrarei nada por ela além de seu precioso tempo. Reflitamos juntos!).
A culpa é dos pais que não deliberaram sobre a possibilidade de um garoto de 10 anos saber o que é uma arma de fogo e que ela tem poder de morte? Aristóteles nos ensina que só podemos deliberar sobre o que é possível e está ao nosso alcance. Talvez o filho fosse capaz de deliberar e tenha feito uma escolha consciente, coisa que seus pais não fizeram. Afinal, a indústria dos jogos de violência ensina relações de causa e efeito que os pais preferem silenciar, e também a sociedade, pois jogos violentos geram empregos!
Se não é dos pais, então, a culpa é da escola? Afinal, com um sistema educacional jurássico, visto por governantes e gestores públicos como fonte estatística para vender campanha e angariar recursos internacionais, com adolescentes e jovens sem perspectivas e projetos de vida, fazendo da escola um enfadonho passatempo, com professores pessimamente remunerados, com recursos pedagógicos escassos, a escola se torna uma bomba relógio e não mais centro de cultura e saber.
Se não é dois pais e nem do sistema educacional, então é de todos nós. Afinal, com uma sociedade doente, desigual, hipócrita e com violências de todas as formas, a escola não poderia ser um paraíso, o doce lar de sophia. Nela, não haverá espaço para o diálogo, o respeito à dignidade humana e o encontro da diferença. Jovens e adolescentes adoecem à medida que os adultos já estão na UTI.
“Se os jovens estão depravados é porque os adultos estão corrompidos.” Montesquieu.

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